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08/03/2021

Dia Internacional das Mulheres: uma mensagem do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Toledo

Dia Internacional das Mulheres: uma mensagem do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Toledo

Celebrar o 8 de março é sobre relembrar a luta das mulheres trabalhadoras por igualdade e justiça social. A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, durante a I Conferência Mundial da Mulher. A escolha por essa data foi em alusão às manifestações que marcaram o fim do século XIX e início do século XX. Naquela época, as mulheres brancas – as mulheres negras há muitos séculos trabalhavam para outras pessoas em regimes de escravidão – deixavam seus lares e aos poucos ocupavam os espaços públicos e passavam a desempenhar o trabalho assalariado. Da luta pelo direito de votar e ser votada, à luta por igualdade salarial e pelo fim da violência dentro e fora de casa, o Dia Internacional das Mulheres tornou-se uma data importante de mobilização das mulheres para reivindicar direitos e denunciar retrocessos.

Embora o Dia Internacional das Mulheres tenha adquirido uma importância comercial e muito se fale sobre homenagear as mulheres e suas qualidades, é importante demarcar as origens deste dia que é celebrado em todo o mundo com manifestações, intervenções artísticas e campanhas informativas. Com o passar dos anos, as pautas do 8 de março buscaram abranger a diversidade das mulheres. Aprendemos que as opressões de gênero não operam sozinhas, que nós mulheres temos experiências diversas e que nossos corpos são atravessados por outras formas de diferenciação e opressão. Denunciamos o machismo, mas também o racismo, a xenofobia, a LBTfobia, a violência doméstica e a violência política, as opressões de classes sociais; queremos o fim do feminicídio, do genocídio indígena e da violência policial; que nossas florestas sejam preservadas, que a mulher do campo seja valorizada, que tenhamos acesso à escola e à saúde de qualidade; que meninas e meninos sejam educados para a igualdade e respeito à diversidade de crenças e de afetos e que possamos decidir sobre nossos corpos. A luta das mulheres nunca foi só sobre mulheres, mas sobre uma nova forma de enxergar o mundo, livre de violências e opressões.

Neste 8 de março de 2021, essas e tantas outras pautas são atravessadas pelos impactos da pandemia em nossas vidas. Quando a primeira vítima fatal da covid-19 no Brasil foi identificada como mulher negra e trabalhadora doméstica, ficou evidente que essa doença se alastraria pelo país repetindo os mesmos itinerários das desigualdades de gênero, raça e classe social. Após um ano de pandemia no quinto país que mais mata mulheres no mundo, acumulamos novos recordes vergonhosos. A ausência de políticas públicas que coloquem a saúde das mulheres como prioridade neste momento de crise, nos levou a liderar o ranking de morte materna causada pela covid-19 – das mortes de mulheres gestantes e puérperas em todo o mundo, 77% aconteceram no Brasil. A presença majoritária das mulheres na linha de frente do combate à pandemia, em razão destas serem as principais responsáveis pelo trabalho do cuidado dentro e fora dos hospitais, resulta na sobrecarga, exaustão e adoecimento físico e mental. As mulheres foram as mais afetadas pelo desemprego e pelo fim do auxílio emergencial. Nos períodos de isolamento social, crianças e mulheres sofreram ainda mais com a violência física, psicológica e sexual dentro de suas casas.

Diante de tantos retrocessos e ataques às vidas das mulheres, fica explícito que o 8 de março não é sobre comemoração, tampouco sobre homenagens carregadas de flores e elogios. Por trás de nossas qualidades de ótimas mães, companheiras, heroínas incansáveis que conseguem conciliar trabalho, cuidado e afetos, resistem corpos cansados, profissionais desvalorizadas, experiências de abuso, assédio e desrespeito que atravessam nossas histórias e muitas vezes nos transformam em vítimas fatais dessa sociedade que lembra das mulheres apenas uma vez por ano.

Neste Dia Internacional das Mulheres, não queremos apenas flores, queremos vacinas para todas e todos, queremos auxílio emergencial, queremos a valorização das trabalhadoras da saúde e dos serviços essenciais, das cientistas, pesquisadoras e professoras, queremos políticas públicas de qualidade para cuidar de quem cuida, para dar fim à violência doméstica e política contra mulheres e avançar na busca pela igualdade de gênero. Essa é a mensagem do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Toledo para todas as mulheres que não param de lutar por seus sonhos pessoais e coletivos e que movem o mundo quando rompem os silêncios.
 

Camila Kelly Alves

Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher

 

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Fonte: TOLEDO | CIDADE PORTAL | PREFEITURA MUNICIPAL DE TOLEDO

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